terça-feira, 21 de junho de 2022

Larvas, ‘isopor’ e Biocimento - 1

 

Algumas anotações sobre novidade na reciclagem (e processamento) de poliestireno e sobre biocimento.


1

Reciclagem de poliestireno

A reciclagem de poliestireno na forma expandida (“isopor”) sempre foi algo difícil de ser executada viavelmente na prática. O poliestireno na forma “cristal” é relativamente fácil de ser reciclado quando se tem a estrutura industrial necessária, mesmo quando de sua associação com PVC, como se vê em copos plásticos, por exemplo. A “madeira plástica”, para alcançar maior rigidez, tem no poliestireno um adicional muito conveniente.

Apesar da fácil solubilidade em xileno, o poliestireno expandido, assim como o todo o poliestireno relativamente puro, não pode ser reaproveitado a não ser em nichos muito específicos por esse método, ainda que se desconsidere os problemas de toxicidade dos solventes de cadeias aromáticas, a conhecida sigla BTEX.

Mas agora surge uma rota biológica, no geral, com grandes possibilidades de ser levada para a bacteriológica, com bactérias geneticamente modificadas visando a produção de enzimas específicas.

1.1



https://tecnoblog.net/meiobit/458549/tenebrio-gigante-come-isopor-pesquisa-materiais-reciclagem/ 


“Superlarvas que comem plástico podem ser chave para reciclagem, dizem cientistas

Cientistas da Austrália descobriram que larvas conhecidas como tenébrio gigante podem se alimentar somente de poliestireno, material plástico que ameaça a vida no mar e se acumula no lixo.”

https://g1.globo.com/olha-que-legal/noticia/2022/06/17/superlarvas-que-comem-plastico-podem-ser-chave-para-reciclagem-dizem-cientistas.ghtml 

Destaquemos:

“Material de embalagens, talheres descartáveis, caixas de CD: o poliestireno é uma das formas mais comuns de plástico, mas sua reciclagem não é fácil e a grande maioria termina em depósitos de lixo, ou chega aos oceanos, onde ameaça a vida marinha.”

“Chris Rinke, que dirigiu um estudo publicado nesta quinta-feira (9) na revista Microbial Genomics, disse à AFP que pesquisas anteriores haviam demonstrado que as larvas de traça-da-cera e as larvas-da-farinha (outra espécie de besouro) tinham boas credenciais por ingerir plástico.”

“Confirmamos que as superlarvas podem sobreviver com uma dieta única de poliestireno e, inclusive, ganhar uma pequena quantidade de peso […] apesar de os insetos conseguirem sobreviver com poliestireno, esta não é uma dieta nutritiva e afeta sua saúde.”

“Em seguida, a equipe utilizou uma técnica chamada metagenômica para analisar a comunidade intestinal microbiana e encontrar quais são as enzimas codificadas por genes que participaram da degradação do plástico.”

Estas larvas são tradicionalmente um alimento para aves e répteis criados como animais de estimação. Como citado no artigo de divulgação:

“As larvas de tenébrio gigante chegam a cinco centímetros e são criados como alimento de répteis e aves, e até mesmo para alimentação humana em países como México e Tailândia.” 

Com facilidade, podem ser usadas como fonte de proteína indireta para os humanos, sendo usadas para a produção como fonte de proteínas para peixes criados em cativeiro.


'Bio-upcycling'

É apresentado que poderia se fornecer às larvas uma dieta com balanço entre restos de alimentos ou bioprodutos agrícolas e o poliestireno.

"Esta poderia ser uma forma de melhorar a saúde das larvas e de lidar com a grande quantidade de desperdício de alimentos nos países ocidentais" (Países ocidentais desenvolvidos, nota nossa.)

Um caminho alternativo ao uso direto das larvas é o desenvolvimento de usinas de reciclagem que imitem o que faz o metabolismo das larvas, com uma trituração prévia do plástico e depois digeri-lo através de enzimas bacterianas.

Estas enzimas poderiam ser desenvolvidas para serem ainda mais eficientes - via engenharia de enzimas - que as presentes no trato digestivo das larvas.

Os produtos de decomposição dessa reação poderiam depois ser utilizados para alimentar outros microorganismos para criar compostos de alto valor, como bioplásticos, num "upcycling" economicamente viável.

Nota

"Upcycling" é o processo de reutilizar o que é descartado para gerar materiais de maior valor, diferentemente da reciclagem, que supõe a destruição dos resíduos para criar algo novo. 


2

Biocimento


https://canaltech.com.br/inovacao/cientistas-dao-jeito-de-transformar-xixi-em-biocimento-ecologico-216503/ 


Eu poderia fazer uma coletânea com desenvolvimentos de cimento e biocimentos a partir de reaproveitamento de diversos rejeitos, resíduos de processos industriais e até dejetos.


2.1

Biocimento renovável feito inteiramente de materiais residuais

Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/05/2022

https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=biocimento-renovavel-feito-inteiramente-materiais-residuais&id=010160220524#.YrId1HbMK70 

Destaquemos:

“Cientistas de Cingapura criaram um cimento de origem biológica - uma alternativa ao cimento comum, de origem mineral - ainda mais verde e sustentável.

O biocimento é uma forma renovável de cimento que normalmente usa bactérias para formar uma reação de endurecimento que liga o material base em um bloco sólido.”

[...] 

“Basta uma reação da ureia com os íons de cálcio presentes no lodo de carboneto para formar um sólido duro. Quando essa reação ocorre em um material particulado, como areia, o precipitado une as partículas e preenche as lacunas entre elas, criando uma massa compacta.”

“Usos

Além do uso comum, o biocimento pode ser empregado como rejunte para selar rachaduras na rocha, para controle de infiltração, e até mesmo para retocar e reparar monumentos como esculturas rupestres e estátuas.

Segundo a equipe, a técnica que eles desenvolveram também pode tornar-se um método sustentável e econômico para fortalecer o solo para uso em construção ou escavação, controlar a erosão de praias, reduzir a poeira ou a erosão eólica no deserto ou construir reservatórios de água doce.

"O biocimento é uma alternativa sustentável e renovável ao cimento tradicional e tem grande potencial para ser usado em projetos de construção que exigem tratamento do solo," disse o professor Jian Chu, coordenador da equipe. "Nossa pesquisa fez biocimento ainda mais sustentável usando dois tipos de resíduos como matéria-prima. A longo prazo, isso não apenas tornará mais barato fabricar biocimento, mas também reduzirá o custo envolvido no descarte de resíduos."”

2.2

Cientistas criam biocimento renovável feito a partir de urina

Ter, 14 de Junho de 2022 - Stella Legnaioli

https://www.ecycle.com.br/cientistas-criam-biocimento-renovavel-feito-a-partir-de-urina/ 

“A tecnologia usa bactérias para criar uma reação de endurecimento a partir de dois materiais residuais comuns: lodo de carboneto industrial e ureia (da urina de mamíferos). O resultado é uma massa compacta forte, durável e pouco permeável.”

[...] 

“Impactos ambientais do cimento comum

As cimenteiras são responsáveis por cerca de 5% da emissão global de dióxido de carbono (CO2), de fonte antrópica, liberado anualmente na atmosfera. Estima-se que, na produção de uma tonelada de clínquer (cimento em sua fase básica de fabrico), seja produzida uma tonelada de CO2, contribuindo em grande parte para o aumento do efeito estufa, segundo estudo.

No processo de fabricação do cimento também podem ser liberados o óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e compostos de chumbo, sendo todos eles poluentes. Além disso, durante a primeira etapa de extração das matérias-primas, também podem ocorrer impactos físicos, como desmoronamentos nas pedreiras de calcário e erosões devido às vibrações produzidas no terreno. E a extração de argila em rios pode causar o aprofundamento desses cursos d’água, diminuindo a quantidade de água nos leitos e afetando os ecossistemas e assentamentos humanos ali existentes.”

[...] 

“Como é feito o biocimento e quais são suas propriedades

O processo de fabricação de biocimento requer menos energia e gera menos emissões de carbono em comparação com os métodos tradicionais de produção de cimento. O biocimento da equipe da NTU é criado a partir de dois tipos de resíduos: lodo de carboneto industrial – o material residual da produção de gás acetileno, proveniente de fábricas de Cingapura – e ureia encontrada na urina.

Em primeiro lugar, a equipe trata a lama de carboneto com um ácido para produzir cálcio solúvel. A ureia é então adicionada ao cálcio solúvel para formar uma solução de cimentação. A equipe então adiciona uma cultura bacteriana a essa solução de cimentação. As bactérias da cultura então quebram a uréia na solução para formar íons carbonato.

Esses íons reagem com os íons de cálcio solúveis em um processo chamado precipitação de calcita induzida microbianamente (MICP). Essa reação forma carbonato de cálcio – um material duro e sólido que é encontrado naturalmente em giz, calcário e mármore. 

A solução de biocimento é incolor, permitindo que os trabalhos de restauração mantenham a cor original da escultura. Quando essa reação ocorre no solo ou na areia, o carbonato de cálcio resultante une as partículas de solo ou areia para aumentar sua resistência e preenche os poros entre eles para reduzir a infiltração de água através do material. O mesmo processo também pode ser usado em juntas de rocha, o que permite o reparo de esculturas rupestres e estátuas.

O solo reforçado com biocimento apresenta resistência à compressão não confinada de até 1,7 megapascal (MPa), superior à do mesmo solo tratado com quantidade equivalente de cimento. Isso torna o biocimento da equipe adequado para uso em projetos de melhoria do solo, como fortalecimento do solo ou redução de infiltração de água para uso em construção ou escavação ou controle de erosão de praias ao longo da costa.”


Relacionados

2.3

Conheça o bioconcreto, material que fecha as próprias rachaduras

27 agosto 2016 

https://www.bbc.com/portuguese/geral-37204389 

2.4

Bioconcreto: o que é e como ele é capaz de se regenerar

21/07/2021

https://www.weg.net/tomadas/blog/arquitetura/bioconcreto-o-que-e-e-como-ele-e-capaz-de-se-regenerar/ 

“O pesquisador e microbiologista holandês Hendrik Jonkers desenvolveu o Bioconcreto a partir da combinação do concreto comum e de colônias da bactéria Bacillus pseudofirmus.”

[...] 

“O Bioconcreto é capaz de se regenerar por meio da alimentação e da digestão das bactérias. Quando elas saem da inércia, consomem o lactato de cálcio utilizado na mistura do concreto, liberando calcário na digestão, que ocupa o espaço aberto no concreto. Sendo assim, o calcário produzido é acumulado na região das rachaduras.

Além de diminuir os gastos com mão de obra e manutenção na construção civil, o Bioconcreto é capaz de reduzir as emissões de carbono que são emitidas durante o processo de produção do concreto.”

2.5

Welcome To The Future Of Soil Engineering

What Is BioCement

https://biocement.com/ 

“O BioCement estimula as bactérias nativas do solo a cimentar as partículas do solo através de um processo conhecido como Precipitação Induzida de Calcita Microbiana (Microbial Induced Calcite Precipitation, MICP). O produto BioCement é enviado como um pó seco para ser misturado em água. A solução rica em nutrientes resultante é então fornecida às bactérias nativas do solo, que crescem em proporção à quantidade de nutrientes, cimentando o solo. As partículas de solo cimentado formam um material endurecido e menos permeável semelhante ao calcário. A permeabilidade e a resistência podem ser adaptadas para atender às especificações do projeto.”


domingo, 11 de abril de 2021

Segurança alimentar - 9

  

Continuação da série iniciada em Seguranca alimentar - 1

 

Tradução de: en.wikipedia.org - Food security  

Gênero e segurança alimentar 


A desigualdade de gênero conduz a e é resultado da insegurança alimentar. Segundo estimativas, as meninas e mulheres representam 60% da população mundial com fome crônica e pouco progresso foi feito para garantir às mulheres o direito igual à alimentação, consagrado na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres. [170] [171]  As mulheres enfrentam discriminação tanto na educação e nas oportunidades de emprego quanto dentro de casa, onde seu poder de barganha é menor. O emprego das mulheres é essencial não apenas para promover a igualdade de gênero na força de trabalho, mas também para garantir um futuro sustentável, pois significa menos pressão para altas taxas de natalidade e migração líquida. [172]  Por outro lado, a igualdade de gênero é descrita como fundamental para acabar com a desnutrição e a fome. [173] 



Mulher agricultora queniana trabalhando na região 

do Monte Quênia. 



As mulheres tendem a ser responsáveis ​​pela preparação de alimentos e cuidados infantis dentro da família e são mais propensas a gastar sua renda com comida e necessidades de seus filhos. [174]  As mulheres também desempenham um papel importante na produção, processamento, distribuição e comercialização de alimentos. Muitas vezes trabalham como trabalhadores familiares não remunerados, estão envolvidos na agricultura de subsistência e representam cerca de 43% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento, variando de 20% na América Latina a 50% no Leste e Sudeste Asiático e na África Subsaariana. No entanto, as mulheres enfrentam discriminação no acesso à terra, crédito, tecnologias, finanças e outros serviços. Estudos empíricos sugerem que se as mulheres tivessem o mesmo acesso aos recursos produtivos que os homens, elas poderiam aumentar sua produção em 20-30%, aumentando a produção agrícola geral nos países em desenvolvimento em 2,5 a 4%. Embora essas sejam estimativas grosseiras, haveria um benefício significativo em diminuir a lacuna de gênero na produtividade agrícola. [175]  Os aspectos de gênero da segurança alimentar são visíveis ao longo dos quatro pilares da segurança alimentar: disponibilidade, acesso, utilização e estabilidade, conforme definido pela Organização para Alimentação e Agricultura. [176]  


O número de pessoas afetadas pela fome é extremamente alto, com enormes efeitos em meninas e mulheres. [177]  Há o sentimento de que fazer desaparecer essa tendência deve ser uma prioridade para governos e instituições internacionais. [177]  Isso porque a insegurança alimentar é uma questão de igualdade, direitos e justiça social. [177]  Fatores como o capitalismo e a exploração de terras indígenas contribuem para a insegurança alimentar das minorias e das pessoas mais oprimidas em vários países (as mulheres são um desses grupos oprimidos). [177]  Como as meninas e mulheres são as mais oprimidas pelos processos econômicos globais injustos que governam os sistemas alimentares e pelas tendências globais, como as mudanças climáticas, isso reflete a forma como as instituições continuam a colocar as mulheres em posições de desvantagem e empobrecimento para ganhar dinheiro e prosperar na capitalização o sistema alimentar. [177]  Quando o governo retém alimentos aumentando seus preços para valores que apenas as pessoas privilegiadas podem pagar, ambos se beneficiam e são capazes de controlar as pessoas de classe baixa / marginalizadas por meio do mercado de alimentos. [177]  


Referências


170.World Food Programme Gender Policy Report. Rome, 2009. 


171. Spieldoch, Alexandra (2011). "The Right to Food, Gender Equality and Economic Policy". Center for Women's Global Leadership (CWGL)


172."Gender equality is more sustainable - Population Matters". Population Matters. 2015-01-27. Archived from the original on 2018-01-31. 


173.FAO, ADB (2013). Gender Equality and Food Security – Women's Empowerment as a Tool against Hunger (PDF). Mandaluyong City, Philippines: ADB. ISBN 978-92-9254-172-9


174.Gender in Agriculture Sourcebook, World Food Bank, Food and Agriculture Organization, and International Fund for Agricultural Development (2009) 


175.FAO (2011). The state of food and agriculture women in agriculture : closing the gender gap for development (PDF) (2010–11 ed.). Rome: FAO. ISBN 978-92-5-106768-0


176.AO (2006). "Food Security" (PDF). Policy Brief


177."Gender and Food Security | BRIDGE". www.bridge.ids.ac.uk

domingo, 4 de abril de 2021

Segurança alimentar - 8

  

Continuação da série iniciada em Seguranca alimentar - 1



Tradução de: en.wikipedia.org - Food security 



Crianças e segurança alimentar 


Em 29 de abril de 2008, um relatório da UNICEF no Reino Unido concluiu que as crianças mais pobres e vulneráveis do mundo são as mais afetadas pelas mudanças climáticas. O relatório, "Nosso clima, nossas crianças, nossa responsabilidade: as implicações da mudança climática para as crianças do mundo" (Our Climate, Our Children, Our Responsibility: The Implications of Climate Change for the World's Children), afirma que o acesso à água potável e a suprimentos alimentares se tornará mais difícil, especialmente na África e na Ásia. [151]  



Famintos de Bengala, 1943. A conquista japonesa da Birmânia 

cortou o suprimento principal de importação de arroz da Índia. [150] 



Nos Estados Unidos 


A título de comparação, em um dos maiores países produtores de alimentos do mundo, os Estados Unidos, aproximadamente uma em cada seis pessoas sofre de "insegurança alimentar", incluindo 17 milhões de crianças, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em 2009. [152]  Um estudo de 2012 no Journal of Applied Research on Children descobriu que as taxas de segurança alimentar variavam significativamente por raça, classe e educação. Tanto no jardim de infância quanto na terceira série, 8% das crianças foram classificadas como em insegurança alimentar, mas apenas 5% das crianças brancas apresentavam insegurança alimentar, enquanto 12% e 15% das crianças negras e hispânicas apresentavam insegurança alimentar, respectivamente. Na terceira série, 13% das crianças negras e 11% das hispânicas tinham insegurança alimentar em comparação com 5% das crianças brancas. [153] [154] 


Existem também variações regionais na segurança alimentar. Embora a insegurança alimentar possa ser difícil de medir, 45% dos alunos do ensino fundamental e médio no Maine se qualificam para merenda escolar gratuita ou a preço reduzido; por algumas medidas, Maine foi declarado o estado com maior insegurança alimentar entre os estados da Nova Inglaterra. [155]  Desafios de transporte e distância são barreiras comuns para famílias em áreas rurais que procuram assistência alimentar. O estigma social é outra consideração importante e, para as crianças, administrar programas na escola com sensibilidade pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Por exemplo, quando John Woods, cofundador da Full Plates, Full Potential, (“Pratos Cheios, Pleno Potencial”) [156] soube que alunos envergonhados estavam evitando os cafés da manhã gratuitos distribuídos em uma escola em que ele trabalhava, providenciou o fornecimento de café da manhã gratuito a todos os alunos lá. [157]  


De acordo com um relatório do Escritório de Orçamento do Congresso (Congressional Budget Office) de 2015 sobre programas de nutrição infantil, é mais provável que crianças com insegurança alimentar participem de programas de nutrição escolar do que crianças de famílias com segurança alimentar. [158] Programas de nutrição escolar, como o Programa Nacional de Merenda Escolar (National School Lunch Program, NSLP) e o Programa de Café da Manhã Escolar (School Breakfast Program, SBP), proporcionaram a milhões de crianças o acesso a merenda e desjejum mais saudáveis, desde seu início, em meados do século XX. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, o NSLP atendeu ao longo do seu tempo de existência mais de 300 milhões de estudantes, enquanto o SBP atendeu cerca de 10 milhões de alunos por dia. [159]  No entanto, muitos alunos qualificados ainda deixam de receber esses benefícios simplesmente por não enviarem a papelada necessária. [160]  Vários estudos relataram que os programas de nutrição escolar desempenham um papel importante para garantir que os alunos tenham acesso a refeições saudáveis. Os alunos que comeram a merenda escolar fornecida pelo NLSP mostraram uma dieta de qualidade superior do que se tivessem seus próprios almoços. [161]  Ainda mais, o USDA melhorou os padrões para as refeições escolares, o que acabou levando a impactos positivos na seleção de alimentos e hábitos alimentares das crianças. [162]  


Inúmeras parcerias surgiram na busca pela segurança alimentar. Vários programas federais de nutrição existem para fornecer alimentos especificamente para crianças, incluindo o Programa de Serviço de Alimentação de Verão (Summer Food Service Program, SFSP), o Programa de Leite Especial (Special Milk Program, SMP) e o Programa de Alimentação de Cuidado de Crianças e Adultos (Child and Adult Care Food Program, CACFP), e organizações comunitárias e estaduais frequentemente trabalham em rede com esses programas. O Summer Food Program (Programa Alimentar de Verão) em Bangor, Maine, é administrado pela Bangor Housing Authority (Autoridade de Habitação de Bangor) e patrocinado pelo Good Shepherd Food Bank (Banco Alimentar Bom Pastor). [155]  Por sua vez, o Thomas College de Waterville Maine, por exemplo, está entre as organizações que realizam campanhas de alimentos para coletar doações para o Good Shepherd. [163] Crianças cujas famílias se qualificam para o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (Supplemental Nutrition Assistance Program, SNAP) ou ‘Mulheres, Bebês e Crianças’ (Programa Especial de Nutrição Suplementar para Mulheres, Bebês e Crianças, Special Supplemental Nutrition Program for Women, Infants, and Children, WIC) também podem receber assistência alimentar. O WIC sozinho atendeu aproximadamente 7,6 milhões de participantes, 75% dos quais são crianças e bebês. [164] 


Apesar das populações consideráveis servidas por esses programas, os conservadores têm regularmente direcionado esses programas para desapropriação. [165]  Os argumentos dos conservadores contra os programas de nutrição escolar incluem o medo de desperdiçar alimentos e a fraude nas inscrições. Em 23 de janeiro de 2017, a H.R.610 foi apresentada à Câmara pelo Representante Republicano Steve King. O projeto de lei busca revogar uma regra definida pelo Serviço de Alimentação e Nutrição do Departamento de Agricultura, que obriga as escolas a fornecer alimentos mais nutritivos e diversos em todos os pratos. [166] Dois meses depois, o governo Trump divulgou um orçamento preliminar para 2018 que propunha um corte de US $ 2 bilhões do WIC. [167]


A insegurança alimentar em crianças pode levar a prejuízos no desenvolvimento e consequências de longo prazo, como enfraquecimento do desenvolvimento físico, intelectual e emocional. [168] 


A insegurança alimentar também está relacionada à obesidade para pessoas que vivem em bairros onde alimentos nutritivos não estão disponíveis ou são inacessíveis. [169]  


Referências


150.Nicholas Tarling (ed.) The Cambridge History of SouthEast Asia Vol.II Part 1 pp139-40.  


151."UNICEF UK News:: News item:: The tragic consequences of climate change for the world's children:: April 29, 2008 00:00". Archived from the original on January 22, 2009. 


152.The Washington Post, November 17, 2009. "America's Economic Pain Brings Hunger Pangs: USDA Report on Access to Food 'Unsettling,' Obama Says" 


153."Individual, Family and Neighborhood Characteristics and Children's Food Insecurity". JournalistsResource.org.  


154.Kimbro, Rachel T.; Denney, Justin T.; Panchang, Sarita (2012). "Individual, Family and Neighborhood Characteristics and Children's Food Insecurity". Journal of Applied Research on Children. 3


155.Abbate, Lauren (July 24, 2017). "How hungry Maine kids eat when they can't get free school lunches". Bangor Daily News


156."Full Plates, Full Potential". Full Plates, Full Potential.  


157.Smith, George (November 11, 2015). "Giraffe Award Winner Wants Maine to be First to Eradicate Childhood Hunger". Kennebec Journal


158."Child Nutrition Programs: Spending and Policy Options"(PDF). Congressional Budget Office


159."School Nutrition". Center for Disease Control and Prevention. Archived from the original on 2017-03-18.  


160.Alfond, Justin (September 19, 2015). "Nearly half of public school students in Maine miss at least one meal per day". Morning Sentinel


161."Eating School Lunch Is Associated with Higher Diet Quality among Elementary School Students". Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics. 2016. 


162.Cohen, Juliana F.W; Richardson, Scott; Parker, Ellen; Catalano, Paul J; Rimm, Eric B (2014). "Impact of the New U.S. Department of Agriculture School Meal Standards on Food Selection, Consumption, and Waste". American Journal of Preventive Medicine. 46 (4): 388–94. doi:10.1016/j.amepre.2013.11.013. PMC 3994463. PMID 24650841


163."Thomas College Community Donates over 360 Pounds of Food to Good Shepherd Food Bank". Thomas College. October 2016.  


164."WIC PROGRAM: TOTAL PARTICIPATION" (PDF).  


165."House Conservatives Target Healthy School Lunch Standards". The Huffington Post.   


166."H.R.610 – To distribute Federal funds for elementary and secondary education in the form of vouchers for eligible students and to repeal a certain rule relating to nutrition standards in schools". Congress.gov


167.Redden, Molly (March 16, 2017). "Trump budget threatens nutrition services for poor women and children". The Guardian


168.Cook, John. "Child Food Insecurity: The Economic Impact on our Nation" (PDF).  


169.Christian, Thomas (2010). "Grocery Store Access and the Food Insecurity–Obesity Paradox". Journal of Hunger & Environmental Nutrition. 5 (3): 360–369. doi:10.1080/19320248.2010.504106. S2CID 153607634.