quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Nossa matriz energética - Acertos, erros e negligências


A partir de um debate no LinkedIn, com link aparentemente hoje morto, “UMA PEQUENA DISCUSSÃO SOBRE O SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO”.



Ninguém discute que o Brasil tenha uma boa - em termos de mundo - matriz energética quanto a energias renováveis, até pelo peso do nosso setor hídrico, mas...

O Brasil tem pensado demasiadamente em termos de energia em "aumento de produção", e não em "melhoria do consumo", não pensa em eficiência.

Possui usinas hidroelétricas com razões absurdas entre tamanho do lago sobre potência produzida. (Paradoxalmente, após determinado período, cada vez mais hidroelétricas com operação ao “fio d’água”.[Nota “A fio d’água”])

Por qual motivo não se lança a modernizá-las, quando não, substituí-las?

Usa pouco e prejudicou recentemente a cogeração com biomassa. (Usina de cana falida não só não produz açúcar e álcool, mas também abandona a cogeração de energia elétrica, por simples inatividade.)

Finalizando, aqui, vale sempre a pergunta:

Qual a mais barata das energias?

A resposta é sempre a que não se gasta.


A renovação das hidroelétricas nos EUA

“Os EUA têm 2.400 represas hidrelétricas, muitas das quais possuem equipamentos geradores desatualizados que são, bem, gerações mais antigas. Essa é a má notícia. A boa notícia é que tudo isso contribui para o potencial de um programa massivo de atualização de eficiência energética que poderia impulsionar significativamente a geração de energia hidrelétrica dos EUA sem a despesa monumental e a interrupção ambiental envolvidas na construção de novas barragens. Na verdade, a primeira rodada de atualizações de energia hidrelétrica já está em andamento a um custo médio de menos de 4 centavos de dólar por kilowatt-hora.”

How the U.S. Is Getting More Hydropower without Building a Single New Dam - cleantechnica.com

[Como os EUA estão recebendo mais energia hidrelétrica sem construir uma nova barragem]

A China tem ampliado algumas de suas usinas mais antigas, algumas simplesmente (aqui merece o uso de aspas, dado o enorme esforço de engenharia) por aumentar a altura da barragem e então, aumentar os geradores dentro da “catedral” de geração. O mesmo tem projetado e feito a Austrália, até mesmo pela pressão de estar em uma das massas de terra menos providas de água do planeta.


Revisão rápida sobre cogeração

Para analista da FG/A, cogeração é a luz no fim do túnel para o setor sucroenergético - 20 set 2018 - www.novacana.com

Juliano Merlotto, sócio-fundador da consultoria, defende o peso da cogeração no caixa das usinas; produtores preferem investir nesta fonte a realizar operações de fusão e aquisição

Camila da Silva Lobo; A IMPORTÂNCIA DA COGERAÇÃO UTILIZANDO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMO FORMA DE DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA; PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA - RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 2013 - monografias.poli.ufrj.br

TIAGO FIORI CARDOSO; COGERAÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR: REVISÃO DE LITERATURA; Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Produção Sucroenergética, para a obtenção do título de Mestre em Gestão de Produção Sucroenergética; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PRODUÇÃO SUCROENERGÉTICA; Sertãozinho 2011. www.etanol.ufscar.br


Notas

A fio d’água

O que são usinas hidrelétricas “a fio d’água” e quais os custos inerentes à sua construção? - Ivan Dutra Faria - 05/03/2012 -

“Usinas hidrelétricas “a fio d’água” são aquelas que não dispõem de reservatório de água, ou o têm em dimensões menores do que poderiam ter. Optar pela construção de uma usina “a fio d’água” significa optar por não manter um estoque de água que poderia ser acumulado em uma barragem. Esta foi uma opção adotada para a construção da Usina de Belo Monte e parece ser uma tendência a ser adotada em projetos futuros, em especial aqueles localizados na Amazônia, onde se concentra grande potencial hidrelétrico nacional. Aliás, as usinas Santo Antonio e Jirau, já em construção no rio Madeira, são exemplos dessa tendência.”


Recomendação de leitura

Oswaldo Sevá; ESTRANHAS CATEDRAIS. NOTAS SOBRE O CAPITAL HIDRELÉTRICO, A NATUREZA E A SOCIEDADE; Cienc. Cult. vol.60 no.3 São Paulo Sept. 2008 - cienciaecultura.bvs.br


Energia elétrica gerada por fontes eólicas evitou emissões de 20 milhões de toneladas de CO2 no Brasil, entre 2016 e 2017 - EDUARDO N MESSIAS - 12 DE OUTUBRO DE 2017 - sengeletrica.wordpress.com



Maior projeto de energia renovável híbrido é inaugurado na Jamaica - Mayra Rosa - 21 de julho de 2014 - ciclovivo.com.br

“O maior projeto de energia renovável híbrido em meio urbano acaba de ser inaugurado na Jamaica. O sistema foi instalado no telhado de um grande escritório local de advocacia e conta com uma tecnologia capaz de produzir eletricidade a partir do sol e dos ventos.”

China exige que carros elétricos representem 30% das compras -  Alexandra Ho - 14 jul 2014 - exame.abril.com.br

“A China está exigindo que os carros elétricos respondam por pelo menos 30 por cento do total de veículos comprados pelo governo até 2016. É a mais recente medida de combate à poluição e para redução do uso de energia após isentar os carros de um imposto sobre a compra.”


A Terra provê o suficiente para as necessidades de to­dos os homens, mas não para a voracidade de todos. - Mahatma Gandhi

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A insana firme marcha para a tragédia neomalthusiana continua

A partir de National Geographic Brasil 06.2018

1,71 Terra

A Rede Global da Pegada Ecológica calcula o dia, a cada ano, em que a demanda humana sobre a natureza - comida, madeira e absorção de CO2 - excede o que a Terra é capaz de regenerar em um ano. Em 2017 , o “dia da sobrecarga” foi mais precoce já registrado, e usamos 1,71 planeta em recursos.


Pegada Ecológica Global

Estudos mostram que desde o final dos anos 70 a demanda da população mundial por recursos naturais é maior do que a capacidade do planeta em renová-los. - www.wwf.org.br



Ano
"Terra"
Dia da Sobrecarga
1971
1,03
20/12
1981
1,16
11/11
1991
1,29
10/10
2001
1,38
22/9
2011
1,69
4/8
2017
1,71
2/8


Gráfico do comportamento da “Terra” necessária:

Gráfico do comportamento do “dia da sobrecarga”:


Recomendados



Pegada Global: Atualmente não existe uma forma fixa de medir as pegadas globais, e qualquer tentativa de descrever a capacidade de um ecossistema em um único número é uma simplificação maciça de milhares de recursos renováveis essenciais, que não são usados ou reabastecidos na mesma proporção. No entanto, tem havido alguma convergência de métricas e padrões desde 2006. - en.wikipedia.org - Ecological footprint

quinta-feira, 29 de março de 2018

Notas neomalthusianas




A teoria malthusiana é um tema recorrente em muitos foros de ciências sociais. John Maynard Keynes, em Economic Consequences of the Peace (Conseqüências Econômicas da Paz), abre sua polêmica com um retrato malthusiano da economia política da Europa como instável devido à pressão da população malthusiana na oferta de alimentos. Muitos modelos de esgotamento de recursos e escassez são malthusianos em caráter: p. ex, a taxa de consumo de energia vai superar a capacidade de encontrar e produzir novas fontes de energia, e assim levar a uma crise.

Na França, termos como "politique malthusienne" ("política malthusiana") referem-se a estratégias de controle populacional. O conceito de restrição populacional associado a Malthus transformou-se, na teoria política econômica posterior, na noção de restrição da produção. No sentido francês, uma "economia malthusiana" é aquela em que o protecionismo e a formação de cartéis não são apenas tolerados, mas encorajados.

Vladimir Lenin, o líder do Partido Bolchevique e principal arquiteto da União Soviética, era um crítico da teoria neomalthusiana (mas não do controle da natalidade e do aborto em geral).

"Neomalthusianismo" é uma preocupação que a superpopulação pode aumentar o esgotamento de recursos ou a degradação ambiental a um grau que não é sustentável, com o potencial de colapso ecológico ou outros perigos. O termo também é frequentemente relacionado com eugenia.

O rápido aumento da população global do século passado exemplifica os padrões populacionais previstos por Malthus; parece também descrever a dinâmica sociodemográfica de sociedades pré-industriais complexas. Essas descobertas são a base para os modelos matemáticos modernos neomalthusianos da dinâmica histórica de longo prazo.

Houve um ressurgimento geral "neomalthusiano" nas décadas de 1950, 1960 e 1970, após a publicação de dois livros influentes em 1948 (Our Plundered Planet, “Nosso Planeta Saqueado”, de Fairfield Osborn, e Road to Survival, “Caminho para a Sobrevivência”, de William Vogt). Durante esse tempo, a população do mundo aumentou dramaticamente. Muitos movimentos ambientais começaram a soar o alarme em relação aos perigos potenciais do crescimento da população. O Clube de Roma publicou um livro intitulado The Limits to Growth, “Os Limites do Crescimento”, em 1972. O relatório e a organização logo se tornaram centrais para o renascimento neomalthusiano. Paul R. Ehrlich tem sido um dos mais proeminentes neomalthusianos desde a publicação de The Population Bomb, “A Bomba da População”, em 1968. O economista ecológico líder Herman Daly reconheceu a influência de Malthus em seu conceito de uma economia de estado estável. Outros malthusianos proeminentes incluem os irmãos Paddock, autores de “Famine 1975! America's Decision: Who Will Survive?” (“Fome 1975! A decisão dos EUA: quem irá sobreviver?”).

O renascimento neomalthusiano atraiu críticas de escritores que alegam que os alertas malthusianos foram exagerados ou prematuros porque a revolução verde trouxe aumentos substanciais na produção de alimentos e será capaz de acompanhar o crescimento contínuo da população. Julian Simon, um cornucopiano, escreveu que ao contrário da teoria neomalthusiana, a "capacidade de carga" da Terra é essencialmente ilimitada. Respondendo a Simon, Al Bartlett reitera o potencial do crescimento populacional como uma curva exponencial (ou expressa por Malthus, "geométrica") para superar tanto os recursos naturais quanto a engenhosidade humana. Bartlett escreve e dá palestras particularmente sobre fontes de energia, e descreve a "incapacidade de entender a função exponencial" como a "maior deficiência da raça humana".

Os neomalthusianos proeminentes, como Paul Ehrlich, sustentam que, em última análise, o crescimento populacional na Terra ainda é muito alto, e acabará por levar a uma grave crise. A crise mundial dos preços dos alimentos em 2007-2008 inspirou mais argumentos malthusianos sobre as perspectivas para o suprimento global de alimentos.


Nota

Um cornucopiano é um futurista que acredita que o progresso contínuo e a provisão de itens materiais para a humanidade podem ser alcançados por avanços contínuos na tecnologia. Fundamentalmente eles acreditam que há matéria e energia suficientes na Terra para prover a população do mundo.


Leituras recomendadas

Neo Malthusianism - ravenseniors.wikispaces.com
Nos nossos arquivos [ Ravensenior - Neo Malthusianism ]

Bhavishya Kumar; Neo-Malthusian Theory of Population; 28 Sep 17 - www.handoutlife.com


Extras

Tristes notas gramenses

Marcos de Moura e Souza; Mineroduto da Anglo vaza e minério atinge rio; 13/03/2018 - www.valor.com.br

“Uma tubulação do mineroduto Minas-Rio, da mineradora Anglo American, se rompeu ontem no município de Santo Antônio do Grama (MG), espalhando 300 toneladas de uma mistura de minério de ferro e água pelo ribeirão que abastece a cidade. A empresa disse que o material não é tóxico.”

Após vazamento, mineroduto da Anglo American volta a operar em Santo Antônio do Grama

Rompimento da tubulação despejou 450 m³ de minério durante 45 minutos, segundo o Ministério Público. Abastecimento de água chegou a ser afetado.
27/03/2018 - g1.globo.com


Livros recomendados

Frances Cairncross; Green, Inc: A Guide to Business and the Environment; Island Press, 1995. - books.google.com.br

Frances Cairncross, editora de meio ambiente do The Economist, apresenta como os anos 90 viram uma quantidade extraordinária de atividades na frente ambiental: o surgimento do aquecimento global como uma séria preocupação, a conclusão bem-sucedida de vários tratados ambientais, conflitos sobre comércio e meio ambiente, a descoberta da severidade da poluição na antiga União Soviética. império, a ecologização do Banco Mundial e o reconhecimento generalizado de que a indústria pode ganhar dinheiro através da adoção de políticas ambientais responsáveis. Na Green, Inc., a premiada jornalista ambiental Frances Cairncross investiga esses e outros tópicos, concentrando sua atenção nos aspectos de questões ambientais que têm implicações econômicas. Ela examina a relação entre o meio ambiente e a competitividade industrial, o comércio internacional, a ajuda aos países em desenvolvimento, a eficiência energética, a gestão de resíduos e o crescimento econômico. Como editora ambiental do The Economist, Cairncross passou os últimos cinco anos explicando ideias econômicas complicadas de maneiras compreensíveis e interessantes. Em Green, Inc., ela continua esse esforço, enquanto explora as implicações de três temas relacionados: que o crescimento econômico pode ser combinado com a proteção ambiental; que é necessário um senso de proporção na avaliação e reação às ameaças ambientais; e essa indústria tem um papel vital na busca de soluções para problemas ambientais.

Frances Cairncross; Meio Ambiente Custos e Benefícios

( CAIRNCROSS, Frances. Meio ambiente: custos e benefícios. São Paulo: Nobel, 1992 )



Frances Cairncross; Costing the Earth: The Challenge for Governments, the Opportunities for Business; Harvard Business School Press, 1993. - books.google.com.br

Mostra como políticas econômicas de visão clara podem ser aproveitadas para ajudar o meio ambiente e como as empresas de recursos podem transformar a preocupação do público por um ambiente mais limpo para sua vantagem corporativa. Ela argumenta que políticas ambientais bem-sucedidas serão as que estimulam o poder inventivo da indústria. Trabalhando juntos, a indústria e o governo podem formar uma aliança formidável: uma que promove o crescimento econômico e preserva o meio ambiente. Costing the Earth identifica uma oportunidade extraordinária para empreendimento e invenção, tornando-a leitura essencial para todos os gerentes preocupados em atender às demandas crescentes de uma economia "verde".


Maria de Assunção Ribeiro Franco; Planejamento ambiental para a cidade sustentável; Annablume Editora, 2000. - books.google.com.br


Artigo recomendado

Frederico A. Turolla, Marcelo Hercowitz; Economia e ecologia; GV executivo, 24 • VOL.6 • Nº3 • MAIO/JUN. 2007. - bibliotecadigital.fgv.br

terça-feira, 20 de março de 2018

Pequenas notas ambientais - 5


1

Tristes notas Barcarenas

Complementos à série:
Tristes notas Marianas - 1 - medioesustentabilidade.blogspot.com.br
Tristes notas Marianas - 2 - medioesustentabilidade.blogspot.com.br


conexaoplaneta.com.br


Terceiro vazamento da mineradora Hydro Alunorte é registado no Pará

Imagens mostram mais um despejo irregular de resíduos em Barcarena.
Vídeo foi obtido com exclusividade pelo Jornal Nacional.


Presidente da Hydro admite descarte irregular de água não tratada no rio Pará

Svein Richard Brandtzæg pediu desculpas pela ação e disse que tal conduta não faz parte dos procedimentos da empresa.

Grupo norueguês admite que Hydro Alunorte contaminou rio Pará

A empresa recebeu duas multas que totalizam R$ 20 milhões por ter contaminado toda água do município de Barcarena com resíduos de bauxita


2

Uma nota sobre neomalthusianismo
A população cresce. Digamos que a população pare de crescer. O consumo per capita cresce. Digamos que a “desmaterialização” dos bens continue a aumentar. Ainda sim, os recursos da Terra são finitos, e entre os renováveis e afetáveis por nossa emissão de resíduos, a situação é mais estrita.

Claro que a produção agrícola pode aumentar, assim como a pecuária. Mas a área do planeta não aumentará. Claro que podemos verticalizar a produção agrícola, mas ao final, a radiação solar que chega a Terra é limitada por um disco da projeção da terra que está lá no Sol. Deste disco vem toda nossa energia solar possível por enquanto. Podemos no futuro aumentar a captação de luz solar, mas ainda sim, uma área máxima possível na Terra, e mesmo sua água, e certos equilíbrios atmosféricos sempre serão limites.

Apenas retardamos a “tragédia malthusiana”, na verdade, como toda curva S de uma população de bactérias numa simples placa de petri, ela nos assombrará.

Estamos num planeta que é uma prisão, e por muito tempo ainda não poderemos daqui sair.

Há uma observação no livro “Macroeconomia”, de Dornbusch, Fischer e Startz de que “isso trata-se mais de Física que Economia”, mas os autores referem-se claramente a período relativamente curtos de tempo.

Rudiger Dornbusch, Stanley Fischer, Richard Startz; Macroeconomia; Editora McGraw-Hill.

Jeffrey Sachs; A volta do espectro de Malthus; SciAm - www2.uol.com.br


3

Citações

"Se continuarmos dando mais importância ao capitalismo ao invés de preservar nossos recursos naturais, vamos ser devastados junto com nossas ambições."

Adaptação menos “melancia”:
"Na continuidade de darmos mais importância ao lucro imediato ao invés da preservação dos recursos naturais, corremos o risco de sermos arrastados para o colapso econômico pelas nossas próprias ambições."
“Olhar para a terra, rio e floresta como mercadoria é grande engano que vai nos enterrar a todos”, Ailton Krenak - pt.wikipedia.org - Ailton Krenak

quinta-feira, 15 de março de 2018

Tristes notas Marianas - 2


Abrindo com novos problemas

Quando se pensa que a marcha para evitar-se um quadro generalizado de danos ambientais está ocorrendo, aparecem novos tropeços:

Ministério Público descobre novo canal de despejo irregular de rejeitos da Hydro em Barcarena

Ministério Público Federal notificou a empresa para que faça imediatamente, no prazo de até 48 horas, os procedimentos necessários para vedação do canal. Esta é a segunda vez que a refinaria é notificada pelo mesmo problema. Na primeira, negou a existência de vazamento.

Mais detalhes sobre o mesmo problema



Murilo Roncolato; O que pesa contra a Hydro Alunorte, acusada de crime ambiental no Pará;  27 Fev 2018

Contaminação com resíduos de bauxita afeta comunidades locais; empresa do governo norueguês pode ter atividades suspensas - www.nexojornal.com.br

Destacamos:

“Alumina e rejeitos

A refinaria Hydro Alunorte produz óxido de alumínio, também chamado de alumina, a matéria-prima usada na produção de metal de alumínio. A empresa recebe bauxita triturada nas jazidas por meio de dutos que viajam por mais de 200 quilômetros pelo Pará, até a cidade de Barcarena. O material é então refinado até se tornar um pó branco.

Nesse processo, são usados cal, soda cáustica e água. Retirada a alumina, o composto restante, chamado de “lama vermelha” e formado de bauxita, alumínio, chumbo, titânio, soda cáustica e outros elementos, é despejado em enormes tanques chamados de Depósito de Resíduos Sólidos (DRS). Na sequência, esse lixo tóxico é bombeado para a estação de tratamento de efluentes e, então, despejado no Rio Pará.”

“No dia seguinte (22), o IEC publicou o laudo resultante das vistorias realizadas dias antes, na qual técnicos afirmaram terem constatado vazamento das bacias de rejeitos – fato registrado em fotos –, além da existência de um duto clandestino que despejava efluentes contaminados para fora da área industrial. Por fim, os agentes divulgaram o resultado das amostras coletadas na região e nas comunidades, as quais apresentavam níveis excessivos de sódio, nitrato, alumínio e chumbo.”

Voltando aos problemas anteriores

Os problemas da contaminação de manganês em águas de sistemas de abastecimento de água para consumo:

Lama que vazou de barragens pode provocar problemas ósseos, intestinais e agravar distúrbios cardíacos

Enzo Menezes - www.viomundo.com.br

Lama contaminada tem concentração de metais até 1.300.000%  acima do normal

Destacamos:

“Amostras da enxurrada de lama que foram coletadas cerca de 300 km depois do distrito de Bento Rodrigues apontam concentrações absurdas de metais como ferro, manganês e alumínio.”

“A água coletada pelo SAAE (Serviço de Água e Esgoto) de Valadares aponta um índice de ferro 1.366.666% acima do tolerável para tratamento – um milhão e trezentos mil por cento além do recomendado, segundo relatório enviado à reportagem do R7. Os níveis de manganês, metal tóxico, superam o tolerável em 118.000%, enquanto o alumínio estava presente com concentração 645.000% maior do que o possível para tratamento e distribuição aos moradores. As alterações foram sentidas a partir de 8h, enquanto o pico de lama tóxica ocorreu às 14h no rio Doce.”

“Servidores da prefeitura esclarecem que não têm condições técnicas de verificar a ocorrência de materiais pesados (como arsênio, antimônio e chumbo, normalmente presentes em rejeitos que contêm ferro), e por isso aguardam análises da Copasa e de dois laboratórios para detalhar a situação.”

“A quantidade de manganês presente na água em quantidade adequada para tratamento é – 0,1 mg, mas os técnicos encontraram 29,3 mg pela manhã e 118 mg (1.180 vezes acima) durante a cheia da tarde. O alumínio aparece com 0,1 mg, mas estava disponível em 13,7 mg e 64,5 mg, respectivamente (6.450 vezes superior). A concentração tolerada de ferro é 0,03 mg, mas as amostras continham 133 mg e 410 mg. O nível de turbidez regular é 1000 uT, mas chegou a 80 mil uT na passagem da enchente.”

“— É um metal tóxico que, por ser mais pesado, devia estar depositado no fundo. Pode provocar alterações nas contrações musculares, problemas ósseos, intestinais e agravar distúrbios cardíacos. O alumínio não traz riscos para a população em geral, mas nestas quantidades pode trazer riscos para diabéticos, pessoas com tumores ou problemas renais crônicos. O organismo mais ácido absorve mais alumínio. Já o ferro não é considerado tóxico.

— Dentro de 48 horas já deveriam ter divulgado, as equipes de socorro e sobreviventes tiveram contato [com essa água]. Metais pesados como chumbo, arsênio e antimônio costumam acompanhar o ferro, mais raramente o níquel. - Anthony Wong, chefe do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP”


Imagem da apresentação:
Mariana desastre - Fernanda Lopes, Professora/Geógrafa at Professora/Geógrafa - www.slideshare.net

A introdução deste artigo deve ser lida:

O manganês (Mn) é um contaminante incômodo para a indústria de tratamento de água(Stauffer, 1986), que tende a permanecer na forma reduzida, particularmente sob condições de hipóxia anóxica ou mesmo hipóxica (oxigênio dissolvido (DO) <16% de saturação; Baden et al., 1995). É especialmente prevalente no limite oxic/anóxico ou redox (Kristiansen et al., 2002; Granina et al., 2004; Koretsky et al., 2006). O manganês complica a cinética redox e é muito difícil de oxidar quimicamente em ambientes de pH típico das águas naturais (pH 6-8) (Baden et al., 1995; Kristiansen et al., 2002; Roitz et al., 2002), muitas vezes persistindo em formas solúveis, apesar da termodinâmica desfavorável (Balzer, 1982; Dortch e Hamlin-Tillman, 1995). Em oxidação de Mn microbial, muitas vezes, as comunidades (bacterianas) são necessárias para a oxidação (Crittenden et al., 2005; Gabelich et al., 2006). O ferro, em contraste, é facilmente oxidado quimicamente na presença de oxigênio no limite oxico/anóxico (Schaller et al., 1997), o que facilita o controle.

Paul A. Gantzer, Lee D. Bryant , John C. Little; Controlling soluble iron and manganese in a water-supply reservoir using hypolimnetic oxygenation; Water Research 43 (2009) 1285–1294 - www.mobleyengineering.com


Manganese in Drinking Water - DPH - Department of Public Health - Drinking Water Section - Connecticut State - portal.ct.gov

Nos nossos arquivos: [ Manganese in Drinking Water ]

Drinking Water Health Advisory for Manganese - EPA - www.epa.gov


Manganese in Drinking-water - Background document for development of WHO Guidelines for Drinking-water Quality - www.who.int

Nos nossos arquivos: [ Manganese in Drinking-water - WHO ]

Manganese in Drinking Water; Document for Public Consultation; Prepared by the Federal-Provincial-Territorial; Committee on Drinking Water; Consultation period ends; August 5, 2016 - healthycanadians.gc.ca