quinta-feira, 15 de março de 2018

Tristes notas Marianas - 2


Abrindo com novos problemas

Quando se pensa que a marcha para evitar-se um quadro generalizado de danos ambientais está ocorrendo, aparecem novos tropeços:

Ministério Público descobre novo canal de despejo irregular de rejeitos da Hydro em Barcarena

Ministério Público Federal notificou a empresa para que faça imediatamente, no prazo de até 48 horas, os procedimentos necessários para vedação do canal. Esta é a segunda vez que a refinaria é notificada pelo mesmo problema. Na primeira, negou a existência de vazamento.

Mais detalhes sobre o mesmo problema



Murilo Roncolato; O que pesa contra a Hydro Alunorte, acusada de crime ambiental no Pará;  27 Fev 2018

Contaminação com resíduos de bauxita afeta comunidades locais; empresa do governo norueguês pode ter atividades suspensas - www.nexojornal.com.br

Destacamos:

“Alumina e rejeitos

A refinaria Hydro Alunorte produz óxido de alumínio, também chamado de alumina, a matéria-prima usada na produção de metal de alumínio. A empresa recebe bauxita triturada nas jazidas por meio de dutos que viajam por mais de 200 quilômetros pelo Pará, até a cidade de Barcarena. O material é então refinado até se tornar um pó branco.

Nesse processo, são usados cal, soda cáustica e água. Retirada a alumina, o composto restante, chamado de “lama vermelha” e formado de bauxita, alumínio, chumbo, titânio, soda cáustica e outros elementos, é despejado em enormes tanques chamados de Depósito de Resíduos Sólidos (DRS). Na sequência, esse lixo tóxico é bombeado para a estação de tratamento de efluentes e, então, despejado no Rio Pará.”

“No dia seguinte (22), o IEC publicou o laudo resultante das vistorias realizadas dias antes, na qual técnicos afirmaram terem constatado vazamento das bacias de rejeitos – fato registrado em fotos –, além da existência de um duto clandestino que despejava efluentes contaminados para fora da área industrial. Por fim, os agentes divulgaram o resultado das amostras coletadas na região e nas comunidades, as quais apresentavam níveis excessivos de sódio, nitrato, alumínio e chumbo.”

Voltando aos problemas anteriores

Os problemas da contaminação de manganês em águas de sistemas de abastecimento de água para consumo:

Lama que vazou de barragens pode provocar problemas ósseos, intestinais e agravar distúrbios cardíacos

Enzo Menezes - www.viomundo.com.br

Lama contaminada tem concentração de metais até 1.300.000%  acima do normal

Destacamos:

“Amostras da enxurrada de lama que foram coletadas cerca de 300 km depois do distrito de Bento Rodrigues apontam concentrações absurdas de metais como ferro, manganês e alumínio.”

“A água coletada pelo SAAE (Serviço de Água e Esgoto) de Valadares aponta um índice de ferro 1.366.666% acima do tolerável para tratamento – um milhão e trezentos mil por cento além do recomendado, segundo relatório enviado à reportagem do R7. Os níveis de manganês, metal tóxico, superam o tolerável em 118.000%, enquanto o alumínio estava presente com concentração 645.000% maior do que o possível para tratamento e distribuição aos moradores. As alterações foram sentidas a partir de 8h, enquanto o pico de lama tóxica ocorreu às 14h no rio Doce.”

“Servidores da prefeitura esclarecem que não têm condições técnicas de verificar a ocorrência de materiais pesados (como arsênio, antimônio e chumbo, normalmente presentes em rejeitos que contêm ferro), e por isso aguardam análises da Copasa e de dois laboratórios para detalhar a situação.”

“A quantidade de manganês presente na água em quantidade adequada para tratamento é – 0,1 mg, mas os técnicos encontraram 29,3 mg pela manhã e 118 mg (1.180 vezes acima) durante a cheia da tarde. O alumínio aparece com 0,1 mg, mas estava disponível em 13,7 mg e 64,5 mg, respectivamente (6.450 vezes superior). A concentração tolerada de ferro é 0,03 mg, mas as amostras continham 133 mg e 410 mg. O nível de turbidez regular é 1000 uT, mas chegou a 80 mil uT na passagem da enchente.”

“— É um metal tóxico que, por ser mais pesado, devia estar depositado no fundo. Pode provocar alterações nas contrações musculares, problemas ósseos, intestinais e agravar distúrbios cardíacos. O alumínio não traz riscos para a população em geral, mas nestas quantidades pode trazer riscos para diabéticos, pessoas com tumores ou problemas renais crônicos. O organismo mais ácido absorve mais alumínio. Já o ferro não é considerado tóxico.

— Dentro de 48 horas já deveriam ter divulgado, as equipes de socorro e sobreviventes tiveram contato [com essa água]. Metais pesados como chumbo, arsênio e antimônio costumam acompanhar o ferro, mais raramente o níquel. - Anthony Wong, chefe do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP”


Imagem da apresentação:
Mariana desastre - Fernanda Lopes, Professora/Geógrafa at Professora/Geógrafa - www.slideshare.net

A introdução deste artigo deve ser lida:

O manganês (Mn) é um contaminante incômodo para a indústria de tratamento de água(Stauffer, 1986), que tende a permanecer na forma reduzida, particularmente sob condições de hipóxia anóxica ou mesmo hipóxica (oxigênio dissolvido (DO) <16% de saturação; Baden et al., 1995). É especialmente prevalente no limite oxic/anóxico ou redox (Kristiansen et al., 2002; Granina et al., 2004; Koretsky et al., 2006). O manganês complica a cinética redox e é muito difícil de oxidar quimicamente em ambientes de pH típico das águas naturais (pH 6-8) (Baden et al., 1995; Kristiansen et al., 2002; Roitz et al., 2002), muitas vezes persistindo em formas solúveis, apesar da termodinâmica desfavorável (Balzer, 1982; Dortch e Hamlin-Tillman, 1995). Em oxidação de Mn microbial, muitas vezes, as comunidades (bacterianas) são necessárias para a oxidação (Crittenden et al., 2005; Gabelich et al., 2006). O ferro, em contraste, é facilmente oxidado quimicamente na presença de oxigênio no limite oxico/anóxico (Schaller et al., 1997), o que facilita o controle.

Paul A. Gantzer, Lee D. Bryant , John C. Little; Controlling soluble iron and manganese in a water-supply reservoir using hypolimnetic oxygenation; Water Research 43 (2009) 1285–1294 - www.mobleyengineering.com


Manganese in Drinking Water - DPH - Department of Public Health - Drinking Water Section - Connecticut State - portal.ct.gov

Nos nossos arquivos: [ Manganese in Drinking Water ]

Drinking Water Health Advisory for Manganese - EPA - www.epa.gov


Manganese in Drinking-water - Background document for development of WHO Guidelines for Drinking-water Quality - www.who.int

Nos nossos arquivos: [ Manganese in Drinking-water - WHO ]

Manganese in Drinking Water; Document for Public Consultation; Prepared by the Federal-Provincial-Territorial; Committee on Drinking Water; Consultation period ends; August 5, 2016 - healthycanadians.gc.ca

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